domingo, 24 de abril de 2016

[Lc 8, 50b]

"Crê somente e ela será salva" (Lc 8, 50b)

Apoiada em Ti está a minha vontade, que aos poucos adequa-se, entra em conformidade com o Teu querer. Percebo que bem mais do que bens, posses, famas ou sucesso, desejo ter Tua presença. Estar aqui, aos Teus pés, olhar-Te nos olhos, gastar horas em adoração.

Escolhi-Te por minha riqueza, e submeti a Ti minha vida. E agora que não sou mais dono e não detenho o senhoril, vivo uma grande aventura. Até mesmo as poucas seguranças que tinha foram rompidas, ao ponto de nada ter... Com o "fracasso" ante meus olhos, caí em mim e percebi que tenho a maior de todas as riquezas: a Tua presença. De que valeria tudo ter e perder minha alma? De que valeria alcançar tão depressa o alvo e não conseguir manter-me fiel? De que valeria as escolhas vazias tomadas sem o Teu consentimento? Mais vale esperar e "crer somente"... crer que o que está morto pode tornar à vida, crer que o deforme pode ser restaurado... O Amor é paciente, tudo suporta e crê, ante o sofrimento encontra a graça... antes as lutas e inúmeros conflitos, cria oportunidades de crescimento e degraus de santidade. 

Hoje é esta a minha prece: ensina-me a "crer somente", e infunde em mim o desejo de visitar mais vezes a Tua casa, que o zelo por ela me consuma e seja o impulso para que eu seja fiel até o fim. Isso é oração: minha alma que não só diz, mas também sabe silenciar e escutar a Tua voz que hoje me diz: "crê somente".

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

[Jo 4, 23-24]

     Na fidelidade construir o meu sim, tendo-Te como o Senhor e centro da minha vida.  Ser para o mundo o luzeiro e ao dissabor o devido tempero... quero adorar-Te pequenino e frágil, mas também em cada capela e altar, onde Tua presença é real e verdadeira, no sacrário, no irmão que habitas. Ali é o meu Santo dos Santos, agora não tenho diante de mim a Arca da Aliança, não mais ofereço holocaustos, mas da mesma forma posso adorar-Te. Pedes-me misericórdia, entrega e fidelidade... oblação, comprometimento, serviço e alegria. Que de mim irradie a alegria, fruto da contemplação. Que meu ser dobre-se, diante da manjedoura, da cruz e do altar... pois nascestes, viestes por amor me salvar!

    Naquela noite de teu nascimento, não havia ao Teu redor uma grande multidão, não estava ali um exército de adoradores. Naquela noite tinhas a companhia sempre certa de Tua mãe e Teu nobre pai sempre fiel e zeloso, ao Teu lado. 

  Pregando no templo, quantos atentavam-se às Tuas palavras? Ao contrário, eram rejeitadas e procuravam motivos para acusar-Te.  Sempre submisso, indefeso e envolto de sabedoria era o Teu servir. 

    Na Cruz, quem sabe não eram semelhantes às do nascimento, as Tuas memórias... Ali sim, havia uma multidão..., mas também não formavam um exército de adoradores. Poucos contemplavam e entendiam o Teu sacrifício. Rasgou-se o Véu e o céu em trevas ficou. Foi semelhante à sensação que se tinha antes do Teu nascimento. O pecado trouxe as trevas e nasceu a Luz do mundo. 

    Hoje formarmos um exército dos que lutam para estar contigo, para reviver e dar sentido ao Teu nascimento, à Tua morte e Ressurreição... nem conseguimos, mas não desistimos da luta, pois és Espírito, e devemos adorá-Lo em Espírito e em verdade! Ser uma multidão que reconhece o Teu senhoril e os poucos que como Maria permanecem sempre ao Teu lado. 

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Jo 2, 1-4


Uma festa no coração da Igreja

Pensemos que estar com Deus é uma grande festa, onde celebramos a comunhão, a união da alma com Cristo sua esposa. A Mãe Igreja é o salão onde acontecem os festejos e no coração de cada filho há uma imensa vontade de louvar o Deus que os criou.
Com grande zelo e carinho foi preparada para cada um! Estendendo então o convite para dias de alegria, louvor, celebração. Porém passaram-se os dias e os que antes alegravam-se, agora choram por verem a fartura que celebravam, torna-se escassez.
Logo lembram-se que na festa estava Maria, Mãe da Igreja, sua mãe. E que intervinha pelas necessidades de seus filhos. Suplicam sua intercessão e logo uma profunda paz envolve seus corações. Estão mais calmos e não há desespero, pois estão certos que roga por eles, a mãe da Esperança.
A festa volta à memória e continua a ser celebrada no interior do coração da Igreja, desta vez unem-se aos fiéis convidados, os anjos e todos os santos, para proclamar a uma só voz: "Maria é fiel intercessora, é mãe da Igreja." Jesus é nossa festa!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

(Lc 5,26)

"Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração."

         Jesus mostra sua debilidade diante dos muitos que o procuram. Esta é a solidão necessária. Jesus jamais se negou a atender e acolher os que O buscavam de reto coração, e mesmo aqueles que não tinham reta intenção, ele não os desprezavam. Corrigia com docilidade e amava a todos. Porém, se fez homem. E ao assumir a nossa humanidade, zelou por sua intimidade com o Pai. Jesus sempre esteve nos extremos, às margens e muitas vezes parece ser desobediente à Lei, embora exorte os seus a cumprirem-na. Jesus se faz então contraditório? Não, ele é sinal de contradição. Pois não veio para criar uma nova lei, muito menos para descumprir uma que já existia. Jesus vem revelar a vontade do Pai e só era “desobediente” quando enxergava que no íntimo do coração dos fariseus e mestres da Lei, haviam grandes armadilhas e uma falsa obediência mascarada pela pose de fiéis cumpridores dos mandamentos e da Lei de Moisés.

       É esta a missão de Jesus: revelar o íntimo. O íntimo do coração de Deus, o íntimo do coração do homem. A fortaleza de Jesus, na sua humanidade, sem dúvidas foi a oração e o constante diálogo com o Pai. Esta não é uma solidão depressiva e egoísta. Ao contrário, eram os momentos de profunda intimidade de Jesus, que se põe em meio ao povo, inicia a sua vida pública. Quem é procurado pelos que necessitam de cura, libertação, restauração. Pelos que desejam saber mais ou mesmo pelos interesseiros. Jesus ama todos os homens, não há distinção, não há predileção, há Amor verdadeiro, que vem do alto e se dá na Cruz.

         Hoje é meu desejo viver este abandono à oração, e assim crescer na intimidade com o Pai. Alargando meu coração para viver esta doação e disponibilidade. O egoísmo torna exclusivo o meu eu, não há abertura para o diálogo, não há construção para uma vida de fraternidade. É necessário equilíbrio, a justa medida. Os momentos de solidão e entrega à oração nos fazem fortes, são alimentos para que necessariamente possamos ir ao outro, pois o Amor que vem de Deus não fica retido em si, amor egoísta não existe, é máscara, é falsidade.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

(Mt 28, 20b)

           Hoje vivemos uma tentação cruenta: a tal da solidão. Por muitas vez me pego diante da tentação de achar que estou sozinho. Ouso dizer que a alma também tem depressão e a depressão da alma é o inferno (ausência de Deus). Os infernos da alma são poços de profunda solidão, fruto da distância entre nós e Deus, frutos das nossas escolhas, na verdade consequência delas. O inimigo nos suga as forças e nos coloca diante de um Deus justiceiro e egoísta, constrói uma falsa identidade do Deus que ele não foi capaz de contemplar, adorar e glorificar. Vamos sendo alimentados por esta falsa ideologia e Deus vai se tornando réu com a sentença já definida: culpado. Culpado do meu fracasso, culpado da minha solidão, culpado dos meus planos que não deram certos. Sem dúvidas é mais fácil culpar qualquer um do que assumir a própria culpa.  

           Era nessa tal da solidão que estavam envoltos os discípulos e o povo que via Jesus como a esperança que nascia. Logo tal sentimento foi sendo alimentado e veio a desolação, o desconsolo e  o desespero. Neste momento contaram com o auxílio de Maria, a Mãe da Esperança. É com ela que devemos contamos para que a promessa de Jesus se faça latente. É até o fim!!! Não há solidão!!! 

          Hoje agradeço a Deus por me recordar mais uma vez da vitória sobre a morte, da atualização e cumprimento da promessa. Jesus traz confusão ao se mostrar ressuscitado a Maria Madalena, os soldados não sabiam o que fazer e preferiram culpar os discípulos de ter roubado o corpo de Jesus do que crer. Jesus se encontra então com os seus e os envia, revela a sua divindade, a autoridade do céu: "Ide pois a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo que vos prescrevi. EIS QUE ESTOU CONVOSCO ATÉ O FIM DO MUNDO". 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

(Jo 4, 7 - 15)

"Veio uma mulher da Samaria tirar água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber. (Pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos). Aquela samaritana lhe disse: Sendo tu judeu, como pedes de beber a mim, que sou samaritana! (Pois os judeus não se comunicavam com os samaritanos.) Respondeu-lhe Jesus: Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva.A mulher lhe replicou: Senhor, não tens com que tirá-la, e o poço é fundo... donde tens, pois, essa água viva? És, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e os seus rebanhos? Respondeu-lhe Jesus: Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna.. A mulher suplicou: Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!"

Jesus não se fez indiferente ao diferente. Quis beber da mesma água para poder ofertar a água da vida eterna. Por muitas vez já me coloquei no lugar da samaritana. meu coração se fez gélido e sem vida. Perdi a esperança. Nesta hora o Senhor teve comigo a mesma atitude, me pediu o que no meu poço havia para depois ofertar-se. Muitas vezes também não entendi como Ele pegaria a água, a profundidade do poço limitou a ação de Jesus. Hoje que já provei desta água, entendi onde se escondia a fonte, desejo que também muitos provem.
Uma vez nas minhas orações, rezava assim, dizendo ser essa terra seca e Ele me dizia que tem o poder de fazer da terra seca solo fértil, basta que eu me abra. Coragem aos que hoje se sentem terra seca, aos que se esqueceram de voltar ao poço, coragem aos que o Senhor escolheu. O Senhor quer nos dar a água da vida, que nos fazer solo fértil.
Provemos da água que sacia nossa sede, provemos da água que emana do coração de Jesus! 

domingo, 26 de janeiro de 2014

(Gl 2, 19-20)

"Na realidade, pela fé eu morri para lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vi, mas já não vivo eu, é Cristo que vive em mim."

Ontem celebramos a conversão de São Paulo. Ele para mim é exemplo porque muitas vezes embora no caminho de Cristo me ponho no lugar do Saulo: perseguidor e infiel. Mas no coração carrego o mesmo desejo que antes ele já possuía e que o encontro verdadeiro com Cristo tornou explícito: com a vida anunciá-Lo e provar que vale muito mais à pena ser seguidor do que perseguidor, discípulo do que fariseu, Paulo do que Saulo.

Conforme a Igreja nos ensina São Paulo não foi testemunha ocular de Jesus, mas a experiência que viveu foi tão intensa que mudou a direção que antes seguia (converteu-o). Graças a liberdade que foi dada à ação de Deus, constitui com São Pedro e tantos outros uma base sólida para nossa fé e para a Igreja que hoje temos.

Há algum tempo escrevi este texto: http://partilhandocomoep.blogspot.com.br/2013/06/cristo-vive-em-mim.html 

Que a leitura impulse sua oração e que a Palavra na sua vida frutique!
São Paulo, rogai por nós e dai-nos o mesmo ardor pelo anúncio do Evangelho!