sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

(Lc 5,26)

"Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração."

         Jesus mostra sua debilidade diante dos muitos que o procuram. Esta é a solidão necessária. Jesus jamais se negou a atender e acolher os que O buscavam de reto coração, e mesmo aqueles que não tinham reta intenção, ele não os desprezavam. Corrigia com docilidade e amava a todos. Porém, se fez homem. E ao assumir a nossa humanidade, zelou por sua intimidade com o Pai. Jesus sempre esteve nos extremos, às margens e muitas vezes parece ser desobediente à Lei, embora exorte os seus a cumprirem-na. Jesus se faz então contraditório? Não, ele é sinal de contradição. Pois não veio para criar uma nova lei, muito menos para descumprir uma que já existia. Jesus vem revelar a vontade do Pai e só era “desobediente” quando enxergava que no íntimo do coração dos fariseus e mestres da Lei, haviam grandes armadilhas e uma falsa obediência mascarada pela pose de fiéis cumpridores dos mandamentos e da Lei de Moisés.

       É esta a missão de Jesus: revelar o íntimo. O íntimo do coração de Deus, o íntimo do coração do homem. A fortaleza de Jesus, na sua humanidade, sem dúvidas foi a oração e o constante diálogo com o Pai. Esta não é uma solidão depressiva e egoísta. Ao contrário, eram os momentos de profunda intimidade de Jesus, que se põe em meio ao povo, inicia a sua vida pública. Quem é procurado pelos que necessitam de cura, libertação, restauração. Pelos que desejam saber mais ou mesmo pelos interesseiros. Jesus ama todos os homens, não há distinção, não há predileção, há Amor verdadeiro, que vem do alto e se dá na Cruz.

         Hoje é meu desejo viver este abandono à oração, e assim crescer na intimidade com o Pai. Alargando meu coração para viver esta doação e disponibilidade. O egoísmo torna exclusivo o meu eu, não há abertura para o diálogo, não há construção para uma vida de fraternidade. É necessário equilíbrio, a justa medida. Os momentos de solidão e entrega à oração nos fazem fortes, são alimentos para que necessariamente possamos ir ao outro, pois o Amor que vem de Deus não fica retido em si, amor egoísta não existe, é máscara, é falsidade.